sábado, 17 de fevereiro de 2018

Copiado de Publicação de Binho Oliveira


"Monteiro Lobato escreveu, há 82 anos, o livro "O Escândalo do Petróleo e do Ferro", roteiro de um processo de redenção econômica nacional que não chegou a se completar.
Nada estranho que agora que o Brasil está sendo tragado pelo monstro imperial, o escândalo da entrega do ferro siga-se ao escândalo da entrega do petróleo.
Abaixo um texto que escrevi há dois anos sobre o então octogenário livro de Lobato."(Preâmbulo do mestre Nilson Lage para o seu excelente texto).
"O escândalo do petróleo
Há exatos 80 anos, meses antes de meu nascimento, rodava no prelo da Editora Nacional um livro-denúncia que apontou caminhos e iluminou esperanças na história política do Brasil: “O Escândalo do Petróleo”, de Monteiro Lobato. Lançado em 5 de agosto numa edição de cinco mil exemplares que logo se esgotaram, trazia dedicatória “às Forças Armadas”: “Exércitos, marinhas, dinheiro e mesmo populações inteiras nada valem diante da falta de petróleo”.
O texto fundiu-se com outro, de 1931, do mesmo Lobato, sobre o minério de ferro abundante no país: “O Escândalo do Petróleo e do Ferro”, editado pela Brasiliense, tirou dezenas de milhares de exemplares, leitura obrigatória dos homens que criaram a Companhia Siderúrgica Nacional e a mineradora Vale do Rio Doce, no início da década de 1940; e a Petróleo Brasileiro, Petrobrás, nos anos 1950 – todas obras de Getúlio Vargas.
Para fundar as duas primeiras empresas, Getúlio negociou com os Estados Unidos o apoio estratégico e militar do Brasil na Segunda Guerra Mundial; fundou a terceira – iniciativa que está na raiz imersa do golpe que o levou ao suicídio, em 1954 – quando se tornou patente que a exploração do petróleo no Brasil não estava na agenda das empresas estrangeiras, ancoradas na afirmação insubsistente de que não havia no país reservas economicamente exploráveis.
Enquanto foram estatais, a CSN e a Vale serviram como base e fonte de recursos para a industrialização do país. A siderúrgica, montada com equipamentos no valor de US$ 18 milhões, idêntica a outras instaladas na década de 1930 nos Estados Unidos, foi modernizada por engenheiros brasileiros a ponto de se tornar tão mais produtivas que isso motivou um episódio de espionagem industrial na década de 1980: queriam saber “como nós fizemos isso”.
Hoje, a CSN, privatizada em 1993, é presidida por um sujeito que, há dias, em vídeo, defendia que os trabalhadores não tivessem horário de almoço: poderiam comer seu sanduíche na linha de produção. Já a Vale, que Fernando Henrique Cardoso doou por preço vil numa operação criminosa de lesa-pátria, fabrica buracos no Brasil e no exterior, competindo em desprezo pelas pessoas e pelo meio ambiente com outras sinistras corporações.
A entrega do petróleo do pré-sal e a posterior liquidação da Petrobras – já dirigida por renomado executivo de massa liquidante – é o fecho de um período histórico que começou com a rebelião dos tenentes, na década de 1920 e de um sonho de independência que motivou minha geração."

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